segunda-feira, 5 de março de 2012

"E se eu morresse hoje?"

Essa é uma pergunta que faço de tempos em tempos.
"Se eu morresse hoje?" traz na fração de segundo um apanhado geral da vida. É a simulação de situações extremas de quase morte. Onde identificamos o que realmente nos importa.
"Se eu morresse hoje?" traz à tona a vida.


Hoje cedo, durante as 2h em que estive no trânsito à caminho do trabalho, essa foi a pergunta que eu me fiz. E, diferentemente de momentos anteriores, a resposta não foi feliz. Hoje foi assim:
- E se eu morresse hoje?
- Hoje eu não morreria feliz. Com certeza seria a situação de tentar negociar com Deus alguns instantes a mais...


Logo após a minha resposta para mim mesma, eis que alguém mais entra no meu auto-diálogo:


- Mas o que você tem feito com seu tempo, minha filha?


- Tenho deixado de fazer muitas coisas... Tenho deixado de ler, ver quem eu amo. Tenho não conhecido os filhos dos meus amigos. Tenho me preocupado, deixado de passear. Tenho deixado de cumprir com tantas tarefas. Tenho estado aqui. No trânsito e no trabalho. Tenho acumulado trabalho. É isso que tenho feito com meu tempo.


- E por que tem feito isso? Porque está usando todo o seu tempo em uma coisa só? Quando combinamos a sua vida, combinamos que teria diversas habilidades, não se lembra? Que poderia cantar, pintar. Que saberia dançar. Que teria família, filhos. Conversamos sobre o ócio criativo, não conversamos? Que se ficasse bem quietinha, em silêncio, você poderia ouvir meu sussurro nos seus ouvidos. E que nesse momento, eu mandaria em forma de brisa um afago nos seus cabelos. Conversaríamos assim, não lembra? Não se lembra do que combinamos?


- Não me lembrava mais. Tenho usado meu tempo para esquecer. O que eu posso fazer, então?


- Sobre o tempo que passou? Nada. Não há nada a fazer.


- E sobre o tempo que ainda tenho?

- Sobre isso, o que virá continuará sendo uma escolha sua.




4 comentários:

  1. Respostas
    1. :)

      Estava quase sufocada!! Ele quis voltar!

      Bom te ter por aqui de volta também!

      Bjo!

      Excluir
  2. Se a gente deixar, a vida nos engole. E passamos o tempo urgenciando aquilo que os outros definem como importante, sem definir o que é importante para nós mesmos. Como numa corrida sem fim, ou num mergulho no meio do mar, solitário, a ansiedade se junta ao medo e de repente nos esquecemos até os motivos que nos levaram a começar essa corrida, ou esse mergulho... também estou tentando definir (ou seria sentir?) o que é importante para mim, e me apropriar disso, sabe? Mas como é difícil! Mas também acho que só a consciência disso já é um começo. Tuda dará certo, diz a Poliana dentro de mim. E continuará gritando a Poliana dentro de você... beijos beijos beijos

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Lindo!! Estamos precisando acreditar mais naquilo que nosso coração diz. Ele sabe muito bem o que é melhor. Ele sabe onde e como queremos usar nosso tempo. Ele sabe quais são nossos parâmetros e nossas medidas... Ele sabe... Só não damos o crédito que ele merece... Geralmente por medo. Mas pra quem tem a Poliana dentro de si e sabe que tudo dará certo, o medo simplesmente não deve existir... :D

      Excluir